No âmbito da Payments Innovation Conference organizada pela Reserva Federal dos Estados Unidos, realizou-se o painel “Conectando as finanças tradicionais com o ecossistema de ativos digitais”, moderado por Rebecca Rettig, diretora jurídica da Jito Labs.
A conversa reuniu figuras-chave de ambos os mundos: Sergey Nazarov, cofundador e CEO da Chainlink; Jackie Reses, CEO do Lead Bank; Michael Shaulov, CEO da Fireblocks; e Jennifer Barker, diretora global de Serviços de Tesouraria e Recibos Depositários na BNY.
O debate girou em torno de uma questão central: como pode o sistema financeiro tradicional integrar-se com as inovações do ecossistema cripto sem perder segurança nem confiança?
Rettig abriu o diálogo definindo DeFi como um sistema de software baseado em blockchains abertas que permite realizar transações sem intermediários. E destacou um ponto crucial: não se trata de que DeFi substitua a banca, mas de construir pontes que combinem inovação e estabilidade.
Embora o setor continue a ser pequeno em comparação com a economia global, o seu potencial para transformar os pagamentos e serviços financeiros é inegável.
Interoperabilidade em dois níveis
Sergey Nazarov explicou que o primeiro desafio é conseguir que os sistemas bancários atuais - as suas bases de dados, back-ends e padrões como o SWIFT - se sincronizem com as blockchains, garantindo conformidade e rastreabilidade.
O segundo nível de interoperabilidade consiste em conectar múltiplas cadeias de blocos entre si para evitar a fragmentação do capital. Não se trata apenas de “ligar” sistemas, alertou, mas de garantir que as transações cumpram os requisitos contábeis e regulatórios, algo que os contratos inteligentes podem automatizar.
Banca: capacidades antes que tecnologia
Jackie Reses foi direta: o verdadeiro obstáculo não é a tecnologia, mas sim a capacidade de execução e o conhecimento dentro das instituições. Os bancos devem aprender a operar com ciclos mais curtos e uma mentalidade 24/7.
Identificou duas áreas onde a mudança já está em andamento: a infraestrutura de on/off-ramp para conectar dinheiro fiat com cripto e as futuras carteiras bancárias impulsionadas por fornecedores core. FedNow, disse, é uma demonstração de que a infraestrutura existe; a escolha de cada rampa dependerá de custos e velocidade reais.
Custódia, segurança e padrões: a verdadeira ponte para DeFi
Custódia institucional, para além do cofre
Michael Shaulov lembrou que no mundo cripto, a custódia não se trata de guardar notas, mas de proteger chaves privadas. Tecnologias como assinaturas múltiplas e computação multipartidária (MPC) tornaram-se o novo padrão de segurança. O desafio é integrá-las em sistemas bancários concebidos há décadas, com processos lentos e dependentes de atualizações manuais.
Propôs criar marcos regulatórios nos Estados Unidos semelhantes ao europeu DORA, que estabeleçam diretrizes claras para incorporar esta infraestrutura digital de forma segura.
Depósitos tokenizados vs. stablecoins
Jennifer Barker explicou que os depósitos tokenizados representam dinheiro dentro do banco, enquanto as stablecoins são dinheiro fora do banco, respaldado por ativos e capaz de circular em distintas blockchains.
Ambos coexistirão, mas com funções diferentes: os primeiros oferecem eficiência e liquidez 24/7; os segundos, agilidade global. Barker também destacou a importância dos padrões internacionais como ISO 20022 e do uso de inteligência artificial para otimizar pagamentos, detectar anomalias e prevenir fraudes.
Cumprimento em cadeia
Do lado tecnológico, a Fireblocks destacou o avanço da identidade on-chain para adaptar os processos de KYC e AML ao ambiente descentralizado.
A Chainlink, por sua vez, trabalha em sistemas de prova de reservas e solvência que aumentam a transparência sobre stablecoins, depósitos tokenizados e ativos do mundo real, permitindo que os usuários avaliem os riscos de forma mais informada.
O que o painel da Fed espera
Os painelistas concordaram que o futuro dos pagamentos exige compatibilizar a infraestrutura existente com as novas formas de dinheiro digital, definir regras claras sobre riscos e resgate, e agir com cautela face ao aumento de fraudes impulsionadas por IA.
Tudo isto, alinhado com a visão apresentada por Christopher Waller na abertura do evento: um papel mais capacitador da Fed, que facilite a inovação sem comprometer a estabilidade do sistema financeiro.
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«TradFi e cripto se conectam»: assim veem Chainlink, Fireblocks, Lead Bank e BNY a ponte para os pagamentos do futuro
No âmbito da Payments Innovation Conference organizada pela Reserva Federal dos Estados Unidos, realizou-se o painel “Conectando as finanças tradicionais com o ecossistema de ativos digitais”, moderado por Rebecca Rettig, diretora jurídica da Jito Labs.
A conversa reuniu figuras-chave de ambos os mundos: Sergey Nazarov, cofundador e CEO da Chainlink; Jackie Reses, CEO do Lead Bank; Michael Shaulov, CEO da Fireblocks; e Jennifer Barker, diretora global de Serviços de Tesouraria e Recibos Depositários na BNY.
O debate girou em torno de uma questão central: como pode o sistema financeiro tradicional integrar-se com as inovações do ecossistema cripto sem perder segurança nem confiança?
Rettig abriu o diálogo definindo DeFi como um sistema de software baseado em blockchains abertas que permite realizar transações sem intermediários. E destacou um ponto crucial: não se trata de que DeFi substitua a banca, mas de construir pontes que combinem inovação e estabilidade.
Embora o setor continue a ser pequeno em comparação com a economia global, o seu potencial para transformar os pagamentos e serviços financeiros é inegável.
Interoperabilidade em dois níveis
Sergey Nazarov explicou que o primeiro desafio é conseguir que os sistemas bancários atuais - as suas bases de dados, back-ends e padrões como o SWIFT - se sincronizem com as blockchains, garantindo conformidade e rastreabilidade.
O segundo nível de interoperabilidade consiste em conectar múltiplas cadeias de blocos entre si para evitar a fragmentação do capital. Não se trata apenas de “ligar” sistemas, alertou, mas de garantir que as transações cumpram os requisitos contábeis e regulatórios, algo que os contratos inteligentes podem automatizar.
Banca: capacidades antes que tecnologia
Jackie Reses foi direta: o verdadeiro obstáculo não é a tecnologia, mas sim a capacidade de execução e o conhecimento dentro das instituições. Os bancos devem aprender a operar com ciclos mais curtos e uma mentalidade 24/7.
Identificou duas áreas onde a mudança já está em andamento: a infraestrutura de on/off-ramp para conectar dinheiro fiat com cripto e as futuras carteiras bancárias impulsionadas por fornecedores core. FedNow, disse, é uma demonstração de que a infraestrutura existe; a escolha de cada rampa dependerá de custos e velocidade reais.
Custódia, segurança e padrões: a verdadeira ponte para DeFi
Custódia institucional, para além do cofre
Michael Shaulov lembrou que no mundo cripto, a custódia não se trata de guardar notas, mas de proteger chaves privadas. Tecnologias como assinaturas múltiplas e computação multipartidária (MPC) tornaram-se o novo padrão de segurança. O desafio é integrá-las em sistemas bancários concebidos há décadas, com processos lentos e dependentes de atualizações manuais.
Propôs criar marcos regulatórios nos Estados Unidos semelhantes ao europeu DORA, que estabeleçam diretrizes claras para incorporar esta infraestrutura digital de forma segura.
Depósitos tokenizados vs. stablecoins
Jennifer Barker explicou que os depósitos tokenizados representam dinheiro dentro do banco, enquanto as stablecoins são dinheiro fora do banco, respaldado por ativos e capaz de circular em distintas blockchains.
Ambos coexistirão, mas com funções diferentes: os primeiros oferecem eficiência e liquidez 24/7; os segundos, agilidade global. Barker também destacou a importância dos padrões internacionais como ISO 20022 e do uso de inteligência artificial para otimizar pagamentos, detectar anomalias e prevenir fraudes.
Cumprimento em cadeia
Do lado tecnológico, a Fireblocks destacou o avanço da identidade on-chain para adaptar os processos de KYC e AML ao ambiente descentralizado.
A Chainlink, por sua vez, trabalha em sistemas de prova de reservas e solvência que aumentam a transparência sobre stablecoins, depósitos tokenizados e ativos do mundo real, permitindo que os usuários avaliem os riscos de forma mais informada.
O que o painel da Fed espera
Os painelistas concordaram que o futuro dos pagamentos exige compatibilizar a infraestrutura existente com as novas formas de dinheiro digital, definir regras claras sobre riscos e resgate, e agir com cautela face ao aumento de fraudes impulsionadas por IA.
Tudo isto, alinhado com a visão apresentada por Christopher Waller na abertura do evento: um papel mais capacitador da Fed, que facilite a inovação sem comprometer a estabilidade do sistema financeiro.