A Wall Street atravessa uma tempestade incomum. As mesmas empresas que impulsionam o auge da inteligência artificial também financiam a demanda que sustenta seus lucros.
Este círculo fechado começa a parecer menos uma colaboração e mais uma “máquina circular de dinheiro”, um sistema que, segundo alguns analistas, poderia até mesmo roçar os limites legais.
O epicentro do círculo: Nvidia e OpenAI
De acordo com o Financial Times, vários especialistas avisam que este fenômeno pode se transformar em uma bolha de inteligência artificial, semelhante ou até pior do que a das pontocom.
O exemplo mais evidente chegou no final de setembro, quando a Nvidia anunciou um investimento de até 100.000 milhões de dólares na OpenAI. A operação daria a Sam Altman e sua equipe um acesso ainda maior aos chips da Nvidia, essenciais para treinar e executar seus novos modelos de IA.
Não parou por aí. A Nvidia também destinou 6.300 milhões de dólares à CoreWeave, uma empresa de centros de dados da qual já possui 7 %, e outros 2.000 milhões à xAI, a empresa de Elon Musk.
Entretanto, a OpenAI alargou a sua rede de alianças, assinando acordos com a Oracle, a CoreWeave e a AMD, e contratou a Broadcom para construir os seus primeiros processadores internos. Todo este emaranhado reforça a ideia de um sistema onde os mesmos atores se financiam mutuamente.
Investimentos que se retroalimentam
Analistas de Wall Street observam que os fornecedores de infraestrutura de IA estão transformando os seus próprios clientes em alvos de investimento. A Nvidia e outras empresas injetam capital diretamente nas firmas que dependem do seu hardware, e essas firmas reinvestem parte do dinheiro nos mesmos fornecedores. Trata-se de um ciclo financeiro impulsionado por capital, não por consumidores reais.
O presidente da Blackstone, Jonathan Gray, definiu isso como uma das principais preocupações para os investidores. Durante a Financial Times Private Capital Summit em Londres, ele destacou: “Dissemos às nossas equipes de crédito e capital que abordem a IA nas primeiras páginas de seus relatórios”.
Gray explicou que a inteligência artificial já transformou modelos de negócio e eliminou empregos, obrigando os investidores a considerar tanto os seus benefícios como os seus riscos.
Ecos da bolha de 2000
O rápido aumento de avaliações em empresas de IA que ainda não geram lucros despertou comparações com o ano 2000. Jonathan Gray lembrou: “Pensem na Pets.com em 2000”. No entanto, também reconheceu que a IA poderia ser subestimada, uma vez que poderia eliminar indústrias inteiras e criar biliões em valor corporativo.
“Estamos a forçar a conversa”, disse. “Agir como se tudo fosse normal seria um erro”.
Cautela nos mercados financeiros
O entusiasmo pela IA chegou a toda a Wall Street. Embora o S&P 500 tenha subido 1,7% na semana passada, o índice continua preso em uma faixa estreita.
Os dados do CME mostram que a maioria dos investidores ainda espera dois cortes adicionais nas taxas por parte da Reserva Federal este ano, confiando em uma economia sólida que mantenha as ações em alta até o Ano Novo.
No entanto, o Bank of America revelou que os seus clientes com alto património mantêm 64 % dos seus ativos em ações, perto do máximo de duas décadas alcançado em 2021. Isso deixa pouca margem para novas compras, mesmo com a febre da IA.
Sinais mistos e prudência crescente
Os fundos de hedge que perderam a subida inicial do ano voltaram a entrar com força, mas agora começam a reduzir a exposição. Tony Pasquariello, do Goldman Sachs, indicou que os fundos executaram “as maiores vendas de ações americanas e globais desde abril” e acrescentou que também houve “um grande aumento em posições curtas”.
Embora o apetite pelo risco não tenha desaparecido, os investidores parecem limpar os seus portfólios perante um possível ajuste. Pasquariello afirmou que “à medida que outubro avança, os fatores técnicos melhorarão”.
Wall Street, no entanto, não esquece a lição do passado. Na sua busca por lucros rápidos, poderia estar alimentando a mesma bolha que tanto teme.
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Wall Street teme uma bolha devido aos «riscos de um sistema circular de dinheiro» na inteligência artificial
A Wall Street atravessa uma tempestade incomum. As mesmas empresas que impulsionam o auge da inteligência artificial também financiam a demanda que sustenta seus lucros.
Este círculo fechado começa a parecer menos uma colaboração e mais uma “máquina circular de dinheiro”, um sistema que, segundo alguns analistas, poderia até mesmo roçar os limites legais.
O epicentro do círculo: Nvidia e OpenAI
De acordo com o Financial Times, vários especialistas avisam que este fenômeno pode se transformar em uma bolha de inteligência artificial, semelhante ou até pior do que a das pontocom.
O exemplo mais evidente chegou no final de setembro, quando a Nvidia anunciou um investimento de até 100.000 milhões de dólares na OpenAI. A operação daria a Sam Altman e sua equipe um acesso ainda maior aos chips da Nvidia, essenciais para treinar e executar seus novos modelos de IA.
Não parou por aí. A Nvidia também destinou 6.300 milhões de dólares à CoreWeave, uma empresa de centros de dados da qual já possui 7 %, e outros 2.000 milhões à xAI, a empresa de Elon Musk.
Entretanto, a OpenAI alargou a sua rede de alianças, assinando acordos com a Oracle, a CoreWeave e a AMD, e contratou a Broadcom para construir os seus primeiros processadores internos. Todo este emaranhado reforça a ideia de um sistema onde os mesmos atores se financiam mutuamente.
Investimentos que se retroalimentam
Analistas de Wall Street observam que os fornecedores de infraestrutura de IA estão transformando os seus próprios clientes em alvos de investimento. A Nvidia e outras empresas injetam capital diretamente nas firmas que dependem do seu hardware, e essas firmas reinvestem parte do dinheiro nos mesmos fornecedores. Trata-se de um ciclo financeiro impulsionado por capital, não por consumidores reais.
O presidente da Blackstone, Jonathan Gray, definiu isso como uma das principais preocupações para os investidores. Durante a Financial Times Private Capital Summit em Londres, ele destacou: “Dissemos às nossas equipes de crédito e capital que abordem a IA nas primeiras páginas de seus relatórios”.
Gray explicou que a inteligência artificial já transformou modelos de negócio e eliminou empregos, obrigando os investidores a considerar tanto os seus benefícios como os seus riscos.
Ecos da bolha de 2000
O rápido aumento de avaliações em empresas de IA que ainda não geram lucros despertou comparações com o ano 2000. Jonathan Gray lembrou: “Pensem na Pets.com em 2000”. No entanto, também reconheceu que a IA poderia ser subestimada, uma vez que poderia eliminar indústrias inteiras e criar biliões em valor corporativo.
“Estamos a forçar a conversa”, disse. “Agir como se tudo fosse normal seria um erro”.
Cautela nos mercados financeiros
O entusiasmo pela IA chegou a toda a Wall Street. Embora o S&P 500 tenha subido 1,7% na semana passada, o índice continua preso em uma faixa estreita.
Os dados do CME mostram que a maioria dos investidores ainda espera dois cortes adicionais nas taxas por parte da Reserva Federal este ano, confiando em uma economia sólida que mantenha as ações em alta até o Ano Novo.
No entanto, o Bank of America revelou que os seus clientes com alto património mantêm 64 % dos seus ativos em ações, perto do máximo de duas décadas alcançado em 2021. Isso deixa pouca margem para novas compras, mesmo com a febre da IA.
Sinais mistos e prudência crescente
Os fundos de hedge que perderam a subida inicial do ano voltaram a entrar com força, mas agora começam a reduzir a exposição. Tony Pasquariello, do Goldman Sachs, indicou que os fundos executaram “as maiores vendas de ações americanas e globais desde abril” e acrescentou que também houve “um grande aumento em posições curtas”.
Embora o apetite pelo risco não tenha desaparecido, os investidores parecem limpar os seus portfólios perante um possível ajuste. Pasquariello afirmou que “à medida que outubro avança, os fatores técnicos melhorarão”.
Wall Street, no entanto, não esquece a lição do passado. Na sua busca por lucros rápidos, poderia estar alimentando a mesma bolha que tanto teme.