As decisões da Federal Reserve relativas às taxas de juro exercem um impacto significativo sobre a volatilidade dos mercados de criptomoedas. Os dados históricos demonstram variações expressivas nos preços das criptomoedas na sequência dos anúncios da Fed. Por exemplo, em 2019, após três cortes nas taxas, o preço do Bitcoin aumentou de 3 700 $ para mais de 7 000 $. Esta ligação entre a política monetária e os preços cripto ficou ainda mais patente na reação dos mercados à resposta da Fed à pandemia de COVID-19 em 2020. Quando as taxas baixaram quase até zero, registou-se uma forte valorização tanto nos mercados obrigacionistas como no segmento cripto.
Para exemplificar o impacto das decisões da Fed na volatilidade cripto, veja-se a seguinte informação:
Ano | Ação da Fed | Variação do preço do Bitcoin |
---|---|---|
2019 | 3 cortes nas taxas | +89% (de 3 700 $ para mais de 7 000 $) |
2020 | Taxas quase a zero | Grande valorização |
2025 | Corte de 0,25% | Impacto limitado |
Curiosamente, o corte de 0,25% previsto para 2025 não provocou o impulso esperado nos mercados cripto. Esta exceção evidencia a complexidade da relação entre a política da Fed e a volatilidade das criptomoedas. A postura cautelosa da Fed, com destaque para as preocupações inflacionistas ainda não resolvidas, limitou os ganhos do Bitcoin — sublinhando a importância da credibilidade da política monetária na reação do mercado. Estes dados mostram que, embora as decisões sobre taxas de juro possam impulsionar os preços cripto, também aumentam o risco de subidas excessivas e quedas abruptas, tornando o mercado de criptomoedas especialmente sensível às comunicações e mudanças de liquidez provenientes da Fed.
Em 2025, os dados de inflação tornaram-se determinantes no sentimento dos investidores e na alocação de ativos cripto. A divulgação dos relatórios do Consumer Price Index (CPI) e do Personal Consumption Expenditures (PCE) tem impacto direto na volatilidade dos mercados e nos padrões de negociação. Por exemplo, com o CPI de fevereiro de 2025 a registar uma descida de 2,8%, o Bitcoin valorizou 2%, devido à expectativa de cortes nas taxas de juro. Este dado ilustra como uma inflação mais baixa do que o antecipado pode gerar maior apetite pelo risco e impulsionar os preços das criptomoedas.
Os investidores institucionais têm reagido de forma especialmente sensível às tendências inflacionistas, ajustando as suas posições em cripto antes dos anúncios do CPI. A correlação entre os dados de inflação e os movimentos do mercado cripto é ilustrada na tabela seguinte:
Métrica de inflação | Impacto no mercado cripto |
---|---|
CPI mais baixo | Valorização do Bitcoin, maior apetite pelo risco |
CPI mais elevado | Pressão vendedora, aversão ao risco |
Os investidores de retalho também olham cada vez mais para os ativos digitais como proteção contra a inflação, com 66% dos utilizadores a considerar as criptomoedas para esse objetivo. Esta alteração na perceção levou a mudanças nas estratégias de alocação, com muitos investidores a reforçar as suas posições cripto como forma de proteção face à inflação. O valor de mercado das criptomoedas atingiu os 2,8 biliões $ em meados de 2025, refletindo o crescente interesse institucional e de retalho em ativos digitais num contexto de persistência das preocupações inflacionistas.
A crescente interligação dos mercados financeiros é hoje evidente, com as oscilações dos mercados acionista e do ouro a provocarem efeitos de contágio relevantes nos preços das criptomoedas. Estudos indicam que, em períodos de tensão, as cotações de ações, ouro e cripto tendem a mover-se em sintonia. Por exemplo, o Bitcoin revela uma correlação cada vez maior com o ouro durante quedas de mercado, e os altcoins começam a seguir a mesma tendência. Este comportamento é particularmente evidente no contexto dos ativos de refúgio.
Ativo | Propriedades de refúgio |
---|---|
Ouro | Robustas |
Bitcoin | Em desenvolvimento |
Altcoins | Variáveis |
A evidência empírica mostra que o ouro mantém, de forma consistente, características sólidas de refúgio, sobretudo em períodos de tensão geopolítica e incerteza económica. Já o Bitcoin é visto como um potencial instrumento de cobertura face ao risco de mercado, embora a sua eficácia seja variável. O efeito de contágio da volatilidade entre estas classes de ativos é ainda visível nos fenómenos observados nas redes financeiras globais.
Um estudo sobre a relação entre índices bolsistas, mercados cambiais e volatilidade das criptomoedas identificou efeitos significativos a curto e longo prazo. A análise, que incluiu índices como NASDAQ, S&P500 e NIKKEI225, revelou ligações assimétricas entre mercados financeiros tradicionais e criptomoedas como o Bitcoin e o Ethereum. Esta interligação acentua a importância de os investidores avaliarem as dinâmicas entre ativos na definição das suas estratégias num quadro financeiro em constante evolução.
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